Os métodos de ensino-aprendizagem escolar envolvem critérios de avaliação psicopedagógica. Esse é um processo importante para mensurar o quanto a criança aprendeu do assunto passado e se está apta a passar para outro nível de aprendizado.
As informações sobre uma determinada área do conhecimento são transmitidas gradualmente, à medida que a criança vai evoluindo na aprendizagem. Porém, diante de certas dificuldades, não é possível levar adiante o processo.
Neste artigo, vamos falar sobre a avaliação psicopedagógica e as principais etapas envolvidas. Bateu a curiosidade para saber mais sobre o assunto? Então continue a leitura para entender esse processo tão importante na educação infantil!
O que é avaliação psicopedagógica?
A avaliação psicopedagógica é o processo que investiga o nível de aprendizagem da criança. Ela tem a finalidade de identificar e compreender a fonte de dificuldades apresentadas pelo aluno. De acordo com o seu resultado, é possível identificar algo mais sério, como algum distúrbio que exija intervenções mais complexas.
A avaliação psicopedagógica é bem mais profunda que a avaliação pedagógica usada habitualmente. Ela se propõe a analisar a criança em cada um dos seus aspectos como:
- a forma de se expressar;
- a entonação da voz;
- os gestos.
O psicopedagogo avalia o que a criança mostra e os transtornos não perceptíveis que interferem na qualidade da sua aprendizagem. A partir dessa análise, ele pode encaminhá-la para outro profissional como: neurologista, psicólogo, fonoaudiólogo ou psiquiatra.
Trata-se, portanto, de uma avaliação para dar um diagnóstico sobre os motivos que fazem com que a criança tenha dificuldades no aprendizado.
Quais são as principais etapas desse processo?
De acordo com o primeiro artigo do Código de Ética da Psicopedagogia, durante a avaliação psicopedagógica, o profissional pode usar procedimentos específicos da sua área de atuação, que podem envolver desde entrevistas com os pais até a realização de testes. A seguir, apresentamos as principais etapas desse processo. Acompanhe!
Entrevista com os pais
O trabalho começa com uma entrevista com os pais. Nessa etapa inicial, o psicopedagogo coleta informações relevantes para organizar um sistema sólido de hipóteses que será usado como guia no trabalho de investigação.
Entrevista de anamnese
Pode ser feita também uma entrevista mais focada para coletar dados sobre o histórico da criança na família, envolvendo presente, passado e projeções para o futuro.
Nessa etapa, são considerados aspectos como:
- dados das aprendizagens iniciais;
- desenvolvimento geral da criança;
- história clínica;
- história do núcleo familiar;
- história escolar;
- história da família paterna;
- história da família materna.
Sessões lúdicas focadas na aprendizagem
Outra etapa da avaliação psicopedagógica envolve sessões lúdicas com a finalidade de analisar o nível cognitivo, afetivo e social do aluno. Nas brincadeiras, a criança consegue usar a sua criatividade e revelar a sua real personalidade.
A partir da sua criatividade, a criança descobre a sua identidade, como afirma Donald Woods Winnicott em sua obra “O brincar e a realidade”.
Testes e provas
A sessão de testes e provas é complementar. Por isso, não é fundamental no diagnóstico psicopedagógico. Há diferentes técnicas que podem ser usadas nessa etapa. Acompanhe a seguir!
EOCA
EOCA é a sigla de Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem. Consiste em uma avaliação de nível pedagógico, que pode envolver, por exemplo, atividades de aritmética, leitura, escrita, pintura, desenho e interpretação de texto.
Todo material é considerado pelo psicopedagogo, sempre respeitando a idade da criança, como:
- massa de modelagem;
- jogos de encaixe;
- livros específicos para crianças nessa faixa etária;
- cubos;
- folhas lisas e pautadas;
- borracha;
- apontador;
- lápis novo sem ponta;
- régua;
- compasso;
- esquadro;
- caneta esferográfica;
- lápis de cor;
- caneta na embalagem;
- giz de colorir;
- cola;
- textos;
- tesoura sem ponta;
- livros, revistas e/ou gibis (HQs);
- jogos com regras (ludo, damas e quebra-cabeças).
Provas de nível de pensamento (Piaget)
Permitem que o psicopedagogo avalie características cognitivas da criança e o desenvolvimento de sua função lógica.
Avaliação perceptomotora
Pode ser usado o Teste de Bender, que tem a finalidade de avaliar o nível de maturidade viso-motora da criança.
Outras ferramentas
Outros testes pertinentes são os psicomotores. Além deles, podem ser usados jogos psicopedagógicos, que estimulam o raciocínio lógico, a concentração e a organização visual e espacial.
Algumas ferramentas de avaliação são exclusivas de psicólogos como:
- teste projetivos: TAT (Teste de Apercepção Temática), CAT-A (Teste de Apercepção Temática Infantil), HTP (desenho de casa, árvore e pessoa), desenho da família, desenho da figura humana;
- WISC (Escala Wechsler de Inteligência para Crianças): uma das mais usadas provas de inteligência.
Mas há outras provas de inteligência, que não são exclusivas de psicólogos, como Raven (testes de múltipla escolha para mensurar o Quociente de Inteligência) e CIA.
Síntese diagnóstica
Nessa etapa da avaliação psicopedagógica, é necessário formular uma hipótese considerando a análise de todos os dados coletados, ou seja, o psicopedagogo efetua uma síntese de todas as informações que reuniu.
Devolução e encaminhamento
É o momento final do processo. O psicopedagogo reúne toda a família (pais e filhos) para apresentar as suas conclusões, tirar possíveis dúvidas e fazer recomendações como:
- trocar de turma ou escola;
- motivar a leitura em casa;
- diminuir a proteção exagerada dos pais;
- consultar o fonoaudiólogo, neurologista, psicólogo ou outro profissional.
Como escolher o melhor método da avaliação psicopedagógica?
Geralmente, o psicopedagogo já segue um método de avaliação e aplica as etapas e ferramentas referentes a ele para fazer o seu trabalho.
Por motivos diferentes, cada profissional segue um caminho para trilhar com mais segurança e conforto perante os desafios que a Psicopedagogia exige do educador e do educando. Dessa forma, a avaliação psicopedagógica deve ser dinâmica e envolver as seguintes áreas:
- emocional: analisa a condição afetiva da criança em relação a situações que envolvem a aprendizagem em casa, na escola e pessoalmente;
- motora: avalia as habilidades motoras da criança como pintar, escrever, desenhar, segurar um objeto, andar, manter o equilíbrio e assim por diante;
- pedagógica: analisa o processo de desenvolvimento da escrita, do cálculo e da leitura;
- área cognitiva: avalia o desenvolvimento da cognição da criança, ou seja, o raciocínio lógico, as operações de pensamento, os níveis de concentração e de atenção;
- desenvolvimento neuro-sensório-motor: analisa os pontos como lateralidade, esquema corporal, orientação espacial, coordenação motora fina e coordenação motora global, desenvolvimento sensorial, desenvolvimento da linguagem, memória, autonomia, percepção e outros.
Rubinstein e Bossa, por exemplo, apresentam modelos diferentes de avaliação psicopedagógica. O profissional pode escolher conforme a sua própria percepção ou as necessidades da criança. Mas, em geral, as etapas e ferramentas se assemelham em qualquer método.
Algumas das principais dificuldades de aprender que a criança pode apresentar são:
- desinteresse;
- dificuldade na pronúncia de palavras;
- lentidão para formar o vocabulário;
- hiperatividade;
- caligrafia difícil de entender;
- falhas de memória;
- isolamento;
- inversão de palavras, sílabas, letras;
- distração;
- comportamento agressivo.
A avaliação psicopedagógica é um valioso ferramental para os pais e professores identificarem as dificuldades da criança em aprender. Por isso, é importante ser realizada o mais cedo possível para adaptar o aprendizado às limitações de cada aluno.
E aí, gostou deste post? Entendeu a importância da psicopedagogia na educação infantil? Aproveite para ler o nosso artigo sobre como lidar com a alfabetização do seu filho!
As informações contidas neste material se fundamentam em estudos psicológicos da criança e servem de base para ajudar com o seu desenvolvimento e educação. Os resultados de tais métodos podem variar de acordo com cada criança, pois dependerão de aspectos individuais e sociais.