A infância é uma etapa de aprendizagens em que as crianças estão constantemente absorvendo conhecimento, formando e aprimorando as suas habilidades. Por esse motivo, a variedade de vivências nessa fase é muito importante. Então, em meio a uma onda tecnológica, incentivar atividades desplugadas pode trazer inúmeros benefícios.
Se você tem filhos em casa ou trabalha com crianças e tem interesse em diversificar as tarefas propostas aos pequenos, este post é para você! A seguir, vamos falar sobre esse assunto e mostrar como as crianças podem ter benefícios ao realizar atividades mais mão na massa. Acompanhe!
O que são atividades desplugadas?
Se você tem interesse em um desenvolvimento infantil completo, mas não faz ideia do que sejam atividades desplugadas, calma que vamos explicar. Nada mais são do que aquelas brincadeiras que não dependem de equipamentos eletrônicos, tais como celulares, tablets, videogames ou computadores.
Atualmente é difícil encontrar alguma criança que se interesse por brincadeiras ou tarefas que não envolvam dispositivos eletrônicos. É papel do adulto incentivar e apresentar novas possibilidades, como as atividades desplugadas.
Como os eletrônicos são deixados de lado, as atividades costumam ser desenvolvidas com materiais que as crianças podem manusear. Eles são mais baratos e podem ser reutilizados diversas vezes. Alguns exemplos são: lápis, papel, caneta, folha, papelão, caixas, palitos, garrafas e tampas plásticas, tecidos, barbante e potes.
Quais os benefícios dessas atividades para as crianças?
Agora que você já sabe o que são as atividades desplugadas para as crianças, chegou o momento de conhecer alguns dos muitos benefícios que elas proporcionam aos pequenos. Confira a seguir as vantagens de adotar essa prática!
Colocar a mão na massa
A primeira grande vantagem que as atividades longe dos eletrônicos proporcionam é a possibilidade de colocar a mão na massa. Isso permite trabalhar com conceitos importantes e que têm feito sucesso atualmente, como o “do it yourself” (DIY), em português “faça você mesmo“.
O DIY, assim como outras atividades desplugadas, incentiva a criança a participar de todo o processo. A partir disso ela está criando, aprendendo e absorvendo muitas informações que podem ser utilizadas ao longo da vida. Além disso, há toda a satisfação e a sensação de felicidade de algo ter sido feito por ela mesma.
Entender conceitos
Outro grande benefício que as atividades desplugadas proporcionam é a oportunidade de entender conceitos. Quando uma criança pega o celular, tablet ou videogame e começa a jogar, ela simplesmente está respondendo a comandos já prontos.
Essas ações, muitas vezes, não pedem que haja qualquer raciocínio. Elas apenas são reproduzidas. Já quando a criança faz uma atividade desplugada, todo o conceito que faz aquela proposta existir é vivenciado por ela. Dessa forma, torna-se muito mais fácil visualizar aquilo que está sendo feito. Como resultado, há um aumento da aprendizagem de novos conceitos.
Incluir outros elementos no aprendizado
Como dissemos, as atividades desplugadas fazem a criança colocar a mão na massa, por isso são repletas de elementos diferentes que contribuem para o aprendizado da criança como um todo. Enquanto isso, os eletrônicos, tendem a oferecer um aprendizado limitado.
Não é possível, por exemplo, desenvolver a coordenação motora fina em um jogo de computador, videogame ou qualquer eletrônico. Nesses casos, esse elemento da aprendizagem fica muito comprometido, pois não será ou será muito pouco desenvolvido.
Quando a criança é envolvida em uma atividade desplugada e precisa manusear objetos variados, como caneta, pincel, etc., as habilidades manuais são exigidas a todo o momento. Esse é só um exemplo de um elemento importante para o desenvolvimento, que precisa ser aprendido e aprimorado na infância e que não é trabalhado nos dispositivos eletrônicos
Trabalhar a mente
As brincadeiras que favorecem o raciocínio das crianças, o pensar, o criar e o vivenciar desafios variados são maneiras de trabalhar a mente. Todas essas propostas podem ser aprimoradas e desenvolvidas em atividades que propõem que a criança coloque a mão na massa e faça ela mesma.
Na infância, principalmente nos primeiros anos de vida, a criança absorve todas as informações que vivencia e armazena na memória como experiências para usar futuramente.
Nesse caso, quanto mais variada for essa caixinha de atividades guardada na memória, maiores serão os benefícios futuros. Por isso, ter uma mente ativa, que é acionada para resolver problemas, pensar, criar e inovar a todo instante, é muito positivo.
Promover uma mente de crescimento
Além de ativar a mente, as atividades desplugadas contribuem para a promoção do crescimento do pensamento infantil. Isso acontece porque esse tipo de tarefa não coloca ênfase na solução, mas, sim, em todo o processo até chegar no resultado do que está sendo construído ou jogado.
Em uma atividade de dobragem, colagem e pintura, por exemplo. A criança precisa:
- escolher o tamanho do papel que será utilizado;
- pensar no que ela quer fazer com a dobragem;
- desenvolver todo o processo para que seja construído o que ela está imaginando;
- fazer a dobragem e a colagem;
- escolher as cores que aquela produção terá;
- colorir.
Após criar o brinquedo por meio da dobragem, colagem e pintura, ela ainda poderá inventar uma brincadeira com aquilo que ela mesma fez. Todas essas etapas são parte do processo de construção de uma atividade que propõe colocar a mão na massa.
A criança poderia brincar de pintar algo já pronto no tablet. Mas, com certeza, essa brincadeira plugada que dá ênfase na solução (no desenho criado) não seria tão rica como o exemplo que foi descrito acima.
Explorar o potencial de criatividade
Além de trabalhar a mente, aprender conceitos e conhecer diferentes elementos, as atividades desplugadas ainda permitem que as crianças explorem o potencial de criatividade que cada uma delas tem.
Por meio de tarefas desenvolvidas sem aparelhos eletrônicos, os pequenos podem imaginar, criar, refletir, testar e vivenciar um mundo de possibilidades. Para tanto, talvez seja necessário que os professores ou os adultos responsáveis incentivem essa criatividade propondo tarefas. Uma boa ideia é explorar materiais variados.
Incentivar a proatividade e autonomia
As tarefas provenientes dos conceitos “DIY” ou “mão na massa”, que são as que são feitas quando as crianças desplugam dos eletrônicos, trazem uma grande vantagem para o desenvolvimento delas: o incentivo à proatividade e autonomia.
Crianças dependentes de adultos costumam dar mais trabalho, não resolvem os seus problemas e em geral demoram mais tempo para amadurecer. O incentivo a proatividade e a autonomia permite que os pequenos se desenvolvam e consigam correr atrás daquilo que desejam mesmo nos primeiros anos de vida.
Uma criança proativa tende a se tornar um adulto com essa mesma característica. Isso é muito positivo, uma vez que a proatividade é uma qualidade que tem sido muito buscada, inclusive, pelo mercado de trabalho.
Combater o sedentarismo infantil
Por fim, o último benefício que escolhemos trazer hoje sobre a criança realizar uma atividade desplugada é o combate ao sedentarismo infantil. Atualmente, com o uso de telas e eletrônicos, as crianças estão se movimentando cada vez menos.
Esse tempo em frente às telas, realizando atividades mais paradas, tem como resultado um aumento do sedentarismo na infância. Esse problema tende a refletir na vida adulta. Devido a ele, as pessoas ficam mais propensas a desenvolverem doenças crônicas, tão comuns em nossa sociedade, como hipertensão, diabetes, cardiopatias, colesterol elevado, entre outras.
Como criar as atividades desplugadas?
Se você chegou até aqui, provavelmente tem se interessado pela ideia das atividades desplugadas. Nesse momento, uma das principais dúvidas que surgem é como o adulto pode promover esse tipo de brincadeira para as crianças fazerem e se divertirem.
Se você também está se questionando sobre isso, não se preocupe. Este tópico foi desenvolvido especialmente para ajudar nessa dúvida. Na lista abaixo, reunimos algumas ideias de atividades desplugadas que podem ser utilizadas com as crianças.
A partir delas é possível adaptar e criar diversas outras variações para que os pequenos possam se divertir e aprender. Continue a leitura e conheça as atividades desplugadas que separamos para você!
Decodificando a amarelinha
Uma das atividades desplugadas que envolve o raciocínio e o movimento do corpo e tem sido muito utilizada por quem adota essa estratégia de ensino é a brincadeira de decodificar a amarelinha. Nela, o professor pode explorar conceitos matemáticos envolvendo os números e os saltos necessários para completar a tarefa, por exemplo.
A partir disso, a criança trabalha tanto o lado cognitivo quanto o motor. Para completar a brincadeira, ela precisa se movimentar, saltar e se equilibrar em um pé só. Além disso, ela necessita ter noção de espaço e direção. Já o lado cognitivo é incentivado e desenvolvido na parte dos números. Dependendo da idade da criança, pode-se trabalhar a questão do par ou ímpar, a soma, a subtração, etc.
Dinâmica do robô
A dinâmica do robô é uma atividade desplugada que envolve de forma lúdica a tecnologia e a robótica. Nela, o professor ou os adultos responsáveis marcam um caminho no chão com algum material que tiver disponível (cones, fita crepe, barbante, corda, etc.). Depois da marcação, um aluno é escolhido para representar o robô. Os outros dão os comandos para ele percorrer o caminho: por exemplo, ande 10 passos, vire à direita, salte.
Essa brincadeira traz uma noção de direção e espaço. Além disso, ela pode trabalhar a lateralidade caso as crianças sejam pequenas, uma vez que os comandos envolvem os lados direito e esquerdo. É possível fazer inúmeras variações dessa brincadeira, já que ela pode ser feita em dupla, contar com comandos com voz, com desenhos, gestos e por aí vai.
PAC-MAN humano
Seguindo a linha da brincadeira do robô, o PAC-MAN humano é uma brincadeira muito divertida que pode ser toda construída com as crianças. O PAC-MAN é um jogo dos anos 80 e 90, em que o jogador representado por um desenho amarelo precisa “comer” todas as pastilhas espalhadas em um labirinto sem ser pego pelos fantasmas.
Na vida real, ela pode ser facilmente criada colocando a mão na massa. Os professores e adultos responsáveis pedem para as crianças criarem o labirinto usando caixas, folhas ou o material que imaginarem. Depois disso é o momento de espalhar as “pastilhas” (que podem ser tampinhas de garrafa) pelo labirinto. O jogo pode acontecer da seguinte forma: os jogadores fugitivos recolhem as tampinhas pelo labirinto sem ser pego pelos fantasmas.
Ao final, os fugitivos que recolherem o maior número de tampinhas vencem. Há inúmeras variações que podem ser feitas nessa atividade também. Por exemplo, dividir as crianças (caso tenham bastante) em equipes e somar o número de tampinhas que cada time conquistou.
Desenho com a cabeça
A última atividade desplugada que escolhemos trazer é o desenho com a cabeça. No geral, as crianças adoram brincadeiras que envolvem papel, canetinha, giz de colorir, pinturas e desenhos. Para variar um pouco e tirar a atenção das telas, uma boa ideia é propor essa atividade.
Nessa brincadeira é preciso ter um boné, uma folha grande ou cartolina, canetinha e durex. Com isso, o adulto prende a canetinha na aba do boné e coloca a cartolina na parede. Depois disso, a criança fica livre para desenhar usando a própria cabeça. Quem tem mais de um boné em casa pode prender canetas de cores variadas.
Essa brincadeira desenvolve muitas habilidades: noção de percepção de espaço, criatividade, coordenação motora, etc. Quando tiver mais de uma criança, é possível adicionar outras tarefas: cada uma propor o desenho que a outra fará é uma variação. Outra possibilidade é brincar de adivinhar o que o amigo desenhou.
A tecnologia na educação infantil é uma realidade que precisamos conviver. Não é possível desligar totalmente as crianças dos eletrônicos. Apesar disso, as atividades desplugadas podem fazer parte da rotina dos pequenos, proporcionando momentos de interação com outros materiais, criação, aprendizagem motora e todos os outros benefícios que conhecemos ao longo deste artigo.
Então, gostou de saber um pouco mais sobre as atividades desplugadas e como elas podem ser feitas com as crianças? Agora que você já sabe a importância de balancear as tarefas propostas aos pequenos, que tal aprender um pouco mais sobre o uso de eletrônicos de forma segura? Confira o nosso Guia da tecnologia na infância.
As informações contidas neste material se fundamentam em estudos psicológicos da criança e servem de base para ajudar com o seu desenvolvimento e educação. Os resultados de tais métodos podem variar de acordo com cada criança, pois dependerão de aspectos individuais e sociais.