A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que cerca de 1,4 milhão de crianças apresentam deficiência visual. Sabemos que esses casos podem ser desafiadores para os professores. Mas que tipo de atividades podemos promover com esses pequenos para garantir sua inclusão na aprendizagem e no convívio efetivo com o restante da turma?
Para responder a essas e outras perguntas, nada melhor do que falar com uma especialista, não é mesmo? Por isso, criamos este conteúdo especial em parceria com Valéria Bromowicz Rodrigues, Pedagoga e Especialista em Deficiência Visual.
Então, venha aprender com a gente!
Crianças com deficiência visual: os desafios e o papel da escola
A deficiência visual é caracterizada por qualquer quadro de limitação ou mesmo a perda das funções básicas do olho e do sistema visual. Quando isso acontece, vários desafios são impostos à criança e, consequentemente, aos seus professores. Mas lidar com isso pode ser mais simples se tivermos à disposição o conhecimento de quem entende do assunto.
Pós-graduada em Educação Especial e Educação Inclusiva, Valéria é Especialista em Orientação e Mobilidade para pessoas com deficiência visual. Seu trabalho na Fundação Dorina Nowill para Cegos é referência na área e suas palavras são uma inspiração para quem atua na educação infantil junto a crianças que trazem essa demanda.
Ela conta que é preciso “criar oportunidades e experiências para que as crianças tenham acesso ao mundo e que possam explorar e desenvolver suas capacidades a partir dos estímulos”. Assim, “é importante que o professor compreenda os princípios básicos da cidadania e da igualdade de direitos, o qual diz que a educação é para todos”.
Os caminhos envolvem “proporcionar que o aluno em sala de aula receba atividades adaptadas, como materiais em relevo, aprendizado do pré-braille, exercícios de alto contraste, percepção espacial e estimulação tátil”, pontua. O primeiro passo é adaptar as atividades para as necessidades de cada criança.
A importância da escola
No caso de quem apresenta uma deficiência visual, “o conhecimento será obtido pelos estímulos dos outros sentidos”. A dica é oferecer, quando possível, objetos que podem ser tocados e manipulados, tendo em vista os objetivos de cada atividade.
A escola desempenha um papel fundamental, dando a essas crianças o acesso a um ambiente de interações muito ricas e aprendizado direcionado. Isso faz toda a diferença para o desenvolvimento de habilidades motoras, cognitivas superiores e da própria vivência social.
Vale lembrar que, se o desafio é grande para os professores, ele pode ser ainda maior para os pais ou responsáveis. Isso porque eles não contam com a formação e o conhecimento necessários para guiar os pequeninos ao longo dessa jornada, ainda mais quando há um desafio adicional como esse.
Ensino de artes para crianças com deficiência visual
Valéria destaca que a arte é uma ferramenta de aprendizagem valiosa para as crianças e, mais uma vez, aponta que as atividades são adaptadas para as demandas de cada aluno. Um primeiro passo para lidar com estímulos sensoriais é trazer materiais de diferentes aspectos e texturas.
Como exemplo, ela cita “algodão, lixa, tecidos, sementes, barbante, EVA, folhas secas, pranchas táteis (pranchas sensoriais), tintas, entre outros”. O importante é “fazer com a criança tenha a oportunidade de conhecer e explorar diferentes tipos de materiais a partir de sua realidade e criar estratégias adequadas conforme a aprendizagem do educando”.
Para ir além, a arte permite a expressão das emoções por meio de atividades lúdicas.
Atividades para fazer com as crianças na escola
Com base nessas questões, Valéria Bromowicz Rodrigues cita diferentes atividades para serem feitas com as crianças, a depender do grau de deficiência visual. Caso seja inviável lidar com cores, outros estímulos sensoriais podem ser explorados. Algumas atividades que ela sugere são:
- desenhos em relevo na prancha;
- manuseio de lixa;
- artesanato infantil;
- arte com materiais diversos, como barbante, algodão, cola plástica, palitos de sorvete, tampinhas, caixas de ovos, papelão, materiais recicláveis, entre outros.
Já para crianças com baixa visão, você pode incentivar atividades como colorir desenhos usando cores que contrastam bastante entre si. Valéria explica que a criança precisa visualizar imagens com poucos detalhes. Mesmo com resíduo visual baixo, elas podem usar lápis de cor, canetas hidrográficas e giz de colorir com alto contraste.
É interessante que os professores busquem entender como as crianças percebem cada cor. Diferentes emoções e comportamentos se relacionam com cada tom, o que torna ainda mais significativa a atividade lúdica. De maneira parecida, o tato e outros sentidos são caminhos para a expressão das crianças com deficiência visual.
Por isso, Valéria ressalta a importância de “garantir a participação de todos nas atividades, proporcionando um momento de aprendizagem e de troca de experiências”. Separar a criança dos colegas, por exemplo, é um erro comum.
Isso torna a escola, que é um ambiente acolhedor e de inclusão, em um espaço onde aquele indivíduo se sente excluído da vivência coletiva. A dica é valorizar essa troca de experiências por meio das atividades.
Importância dos materiais durante as atividades
Como você reparou, Valéria traz uma longa lista de materiais que podem ser utilizados. Alguns deles são objetos simples encontrados em casa. Outros são itens de uso escolar, em que a qualidade influencia o desenvolvimento das atividades.
O giz de colorir, por exemplo, pode ser utilizado tanto para pinturas em papelão e folha de papel quanto em superfícies com relevo. Nesse caso, a criança com deficiência visual pode explorar a própria textura do giz, a sensação do uso e o aspecto da superfície após ser colorida.
Se você quer uma experiência única, vale a pena unir certos materiais com os produtos da BIC. Com eles, as atividades lúdicas ganham novas possibilidades, já que a criança pode usá-los abaixo de um papel, por exemplo, para dar contorno ao relevo enquanto pinta. Moedas, folhas de plantas e alguns brinquedos são bons exemplos disso.
Agora que você já sabe que tipo de atividade pode enriquecer o aprendizado de crianças com deficiência visual, essas dicas podem ser trabalhadas a seu favor. Suas aulas serão cada vez melhores, proporcionando momentos inspiradores e divertidos para os pequeninos!
Quer mais conteúdo de qualidade sobre o tema? Então, uma dica é aproveitar para conferir nosso material sobre as vantagens do giz e do lápis de resina!
As informações contidas neste material se fundamentam em estudos psicológicos da criança e servem de base para ajudar com o seu desenvolvimento e educação. Os resultados de tais métodos podem variar de acordo com cada criança, pois dependerão de aspectos individuais e sociais.