Certamente, você já ouviu falar em Mozart, mas sabe o que é o efeito Mozart? O austríaco foi um dos maiores compositores da história da música. Com apenas cinco anos de idade, elaborou sua primeira obra musical. Considerado um gênio da música, Mozart teve uma vida curta: morreu aos 35 anos. Mas deixou um rico legado.
Suas composições se tornaram muito famosas. É provável que você já tenha ouvido algumas delas, até mesmo sem saber o nome. Entre elas estão:
- A Flauta Mágica;
- O Casamento de Fígaro;
- Sinfonia nº 40 (A Grande Sinfonia em Sol Menor);
- Don Giovanni;
- Sonata K. 448 (Sonata para Dois Pianos em Ré Maior).
Pensando nisso, sabia que a música pode ajudar seu filho ou seu aluno no processo de aprendizagem? Sim, ela pode! E a Sonata K. 448, em particular, tende a ser uma boa ferramenta. Saiba mais, a seguir, sobre o efeito Mozart e como ele pode ser útil na educação da criançada!
O que é efeito Mozart?
O termo “efeito Mozart” vem de um teste realizado em 1993 por neurobiologistas da Universidade da Califórnia. Nele, jovens universitários, separados em três grupos, passaram por estímulos diferentes durante 10 minutos:
- o primeiro grupo escutou a Sonata para Dois Pianos em Ré Maior, de Mozart (também conhecida como K. 448);
- o segundo grupo escutou orientações relaxantes desenvolvidas com a finalidade de reduzir a pressão sanguínea e a frequência cardíaca;
- o terceiro grupo esperou em silêncio.
Depois, todos os membros dos grupos realizaram testes com a escala de inteligência Stanford-Binet. O primeiro grupo, que ouviu a Sonata K. 448, foi o que conseguiu os melhores resultados. Daí surgiu a ideia batizada de “efeito Mozart”.
Verdade ou mito?
Hoje, circulam muitas afirmações na internet a respeito de como frequências e músicas estimulam a mente e promovem relaxamento. Mas até que ponto isso é verdade? O que a ciência diz?
O Efeito Mozart foi descrito em um artigo na revista científica Nature, em 1993. Mas vamos por partes.
Efeitos temporários e replicação
Primeiramente, os efeitos do experimento com a sonata de Mozart foram temporários — não foram além de 15 minutos. Além disso, alguns experimentos obtiveram sucesso em replicar os resultados, mas outros, não.
Ideia equivocada
Uma ideia equivocada sobre os resultados passou a circular, afirmando que as músicas de Mozart aumentariam o Quociente de Inteligência (QI) das crianças que as ouvissem. Isso fez com que o governo da Geórgia, na década de 90, adquirisse gravações com composições de Mozart para as famílias que tinham recém-nascidos.
Variáveis
Especialistas colocam em discussão as variáveis que podem interferir nos resultados, como a idade dos indivíduos, o ambiente que as pessoas integram na ocasião do teste, o volume da composição musical, o conhecimento musical que a pessoa já tem e algumas habilidades. Todos esses aspectos podem gerar variações nos resultados dos experimentos.
Além disso, o tamanho da amostragem dos testes que envolvem o efeito Mozart é, na maioria das vezes, pequeno. Isso prejudica a confiabilidade deles e dificulta uma conclusão efetiva sobre o assunto.
Aumento na atividade das ondas alfa
Outros pesquisadores independentes perceberam que a composição de Mozart aumentou o nível de atividades das ondas cerebrais alfa. Elas estão associadas ao relaxamento e, ao mesmo tempo, à estimulação das atividades cerebrais.
Esse aumento melhoraria:
- a performance da memória;
- o raciocínio lógico;
- a capacidade de resolução de problemas.
Vale ressaltar que esses resultados não foram observados em pessoas que apresentavam déficit de aprendizagem.
Melhoria na fluência de leitura
Outros experimentos revelaram que ouvir Mozart ajudaria as crianças a lerem de forma mais fluente. Para os jovens adultos, um teste revelou, no entanto, que a fluência verbal melhorava quando ouviam músicas de Vivaldi.
Estímulo à memória verbal
As músicas de Mozart foram consideradas favoráveis à memória verbal porque a estrutura musical delas se aproxima da estrutura frasal da fala. A memória verbal se refere a informações escritas ou faladas e tem muita importância na educação infantil e no processo de aprendizagem, em geral.
Outros efeitos
Outros efeitos verificados em relação à escuta de composições de Mozart foram:
- redução em comportamentos agressivos e na irritabilidade;
- redução em sensações de pesar;
- maior vigilância pelo dia;
- melhora na qualidade do sono;
- estímulos favoráveis ao desenvolvimento emocional dos bebês.
Conclusão
A verdade é que não se detectou, efetivamente, aumento geral no QI, como se esperava e como se propaga ainda hoje na internet. No entanto, não se pode ignorar os indícios de que escutar certos tipos de música pode trazer benefícios em relação a habilidades e qualidade de vida.
Em relação aos fatos, podemos resumir o seguinte sobre o efeito Mozart, em particular:
- não é uma teoria científica;
- ainda precisa de mais estudos;
- provavelmente não aumenta o QI das crianças;
- promove benefícios para o ser humano, o que inclui as crianças.
Por que usar música e arte do desenvolvimento infantil?
Uma conclusão mais geral a que podemos chegar, quando falamos no efeito Mozart, é que a música ajuda no desenvolvimento emocional e cognitivo. Mas ela não proporciona efeitos “milagrosos”, como deixar uma criança mais inteligente rapidamente ou solucionar um déficit de aprendizagem.
O processo de estímulos propiciados pela música ativa o funcionamento de diferentes regiões do cérebro, conectando áreas específicas com diferentes funções. Nos testes com a música de Mozart, os pesquisadores notaram muita ativação nas regiões temporais e pré-frontais do cérebro e no pré-cúneo, que são regiões relacionadas, simultaneamente, ao raciocínio espacial, à criatividade e ao bem-estar.
Vale a pena, portanto, investir na música para aprimorar a educação infantil, além de outras formas de arte, como:
- pintura;
- desenho;
- escultura
- dança;
- literatura;
- teatro;
- cinema.
Vamos finalizar nosso artigo sobre o efeito Mozart com o que diz a Liga Acadêmica de Neurociências. É preciso considerar, nas pesquisas sobre o tema, os diferentes elementos existentes na composição musical, bem como a individualidade dos compositores e as particularidades de cada intérprete. Assim, pode-se compreender melhor a influência de diferentes elementos sobre nossa percepção e nossa saúde mental e cognitiva.
As músicas infantis, que tanto agradam as crianças, são valiosas ferramentas no processo de aprendizagem. Mas vale a pena usar, eventualmente, músicas clássicas para estimular a memória verbal e proporcionar outros benefícios de mindfulness (otimização do foco e da atenção). E por que não usar a Sonata K. 448, composição que impulsionou a ideia do efeito Mozart?
Você já teve alguma experiência de aprendizado marcada pela música? Deixe um comentário!
As informações contidas neste material se fundamentam em estudos psicológicos da criança e servem de base para ajudar com o seu desenvolvimento e educação. Os resultados de tais métodos podem variar de acordo com cada criança, pois dependerão de aspectos individuais e sociais.