A criançada desenvolve experiências a partir de suas brincadeiras. Quanto mais criativa se mostrar a criança, mais ela identificará formas de brincar ao seu redor. É nesse momento que entram em cena os brinquedos não estruturados.
Se você quiser estimular a criatividade dos pequenos, trata-se de uma excelente iniciativa! A seguir, descobriremos o que são esses brinquedos, como essa proposta pode ser valiosa na educação infantil e principais motivos para usá-los.
O que são brinquedos não estruturados?
Os brinquedos não estruturados são objetos que não apresentam uma finalidade predeterminada. Diferentes dos brinquedos fabricados, os não estruturados possibilitam à criança a construção de possibilidades novas conforme sua criatividade.
Nesse caso, carretéis podem se transformar em carrinhos, canos funcionam como estradas, blocos de madeira viram casas, talheres se transformam em pessoas, bacias viram capacetes e assim por diante. As opções são muitas: garrafas, tampinhas, latas, panos, caixas de papelão, palitos de picolé, potes, caixas de ovos, botões, barbantes, cordas e rolos de papel.
Materiais da natureza também podem ser aproveitados: sementes, conchinhas, pinhas, sabugos de milho, areia, folhas, terra, gravetos e pedras. Quem não já desejou, quando criança, fazer castelos de areia na praia?
E lembra das histórias de Monteiro Lobato? Emília, uma boneca de pano, é um brinquedo estruturado. Já o Visconde de Sabugosa é um brinquedo não estruturado: um elemento natural transformado em boneco.
As crianças da zona rural, diferentemente das crianças da zona urbana, aproveitam melhor os brinquedos não estruturados.
Por que usar materiais não estruturados?
Agora, vamos conhecer as vantagens de usar brinquedos não estruturados no lazer das crianças. As atividades que estimulam o pequeno a desenvolver seus próprios brinquedos estimulam as funções cognitivas
Isso porque, para ela estruturar suas brincadeiras, será necessário recorrer à organização, ao planejamento, à manutenção da atenção, à flexibilidade cognitiva, à memória operacional e a outras capacidades mentais.
1. Estimula a criatividade
Conforme a neurociência, quando materiais de amplo alcance são colocados à disposição das crianças, seu potencial de inventar se valoriza ainda mais. Além disso, os processos de descoberta e experimentação sustentam as conexões do cérebro.
Os brinquedos não estruturados estimulam a criatividade infantil, já que os pequenos precisam converter espaços e objetos para as brincadeiras. Trata-se de um convite para a pesquisa, a investigação e o conhecimento a respeito da propriedade física dos elementos e das probabilidades de ação em cima deles.
2. Auxilia no aprendizado
Enquanto as crianças se engajam na exploração dos potenciais brinquedos, os pais e os educadores buscam intervir, estimulando o pensamento delas em torno de conceitos como:
- quantidade;
- maior e menor;
- muito e pouco;
- em cima e embaixo;
- lado direito e esquerdo.
Enfim, Ciências Humanas, Matemática, Física e outras áreas de conhecimento podem ser aproveitadas nas brincadeiras com materiais não estruturados.
Por meio desses brinquedos os pequenos podem até revelar suas habilidades mais específicas, ou seja, mostrar suas potencialidades e tendências, o que pode ser importante na decisão de sua futura carreira. Cabe aos pais e aos educadores o estímulo, direcionando os filhos e os alunos pelo melhor caminho.
3. Promove reciclagem de materiais
Outro motivo para investir em brinquedos não estruturados é que, ao se divertir com certos materiais, a criança entende que eles podem ser reciclados e aproveitados com outras finalidades.
Além disso, pelo fato de terem uma utilização fixa, os brinquedos não convencionais não se limitam a uma utilidade específica. Assim, eles têm sua durabilidade estendida. Os brinquedos vão se renovando de acordo com a utilização e a aprendizagem das crianças, assegurando a perenidade do material.
Consequentemente, há ganhos indiretos relativos à redução de resíduos descartáveis. O brinquedo pode ser usado por um período mais longo. Algumas vezes, ele também pode ser transferido para outras crianças. E isso gera uma menor produção de lixo — por consequência, há diminuição no consumo dos recursos naturais.
4. Desenvolve consciência sobre consumo
Os brinquedos não estruturados não provêm de processos industriais em massa. Eles são naturais e feitos de forma artesanal. Podem, então, ser desenvolvidos com matéria-prima oriunda da natureza, como folhas, madeira, pedras e areia.
Não existe um relacionamento consumista entre brinquedo e criança. Esse fator é vantajoso na medida em que ajuda o pequeno a desenvolver consciência de consumo, diminuindo as compras por impulso.
Já os brinquedos não estruturados comprados, que são artesanais na maior parte das vezes, podem ser considerados como investimento porque oferecem durabilidade, dinamismo e qualidade, promovendo o desenvolvimento infantil a longo prazo.
5. Incentiva a imaginação
Os materiais não estruturados, juntos à criatividade, estimulam a imaginação. A criança consegue visualizar muitas coisas em um mesmo objeto. Uma caneta pode ser um foguete, um carro ou uma pessoa. Com tijolos, ela pode fazer uma casa ou um cercado. Com diferentes objetos, por que não fazer um boneco? E assim por diante.
A imaginação pode correr à solta quando os pequenos recorrem a brinquedos não convencionais, aproveitando materiais variados para se divertir.
6. Desperta a autonomia
Toda criança sente a necessidade de brincar. Por isso, ela procura formas de fazer isso ao seu redor, mesmo quando não há brinquedos convencionais à sua disposição.
Assim, ela toma a iniciativa de criar e encontrar brinquedos em objetos que já existem ou em materiais da natureza. Uma criança autônoma em suas brincadeiras pode se revelar autônoma em outras situações da vida. Consegue, inclusive, lidar com problemas e situações difíceis com sucesso, contornando dificuldades e encarando desafios com mais naturalidade.
Os brinquedos não estruturados são uma rica ferramenta para a educação infantil. Eles podem ser explorados tanto pelos pais quanto pelos professores e pedagogos, pois ajudam a tornar a criança mais criativa e imaginativa, bem como contribui para otimizar o processo de aprendizagem. Vai também contra o conceito consumista que impera em nossa sociedade e promove maior consciência ambiental.
Brincar dá muito sentido à vida de uma criança. Não precisamos transformar brincadeira em sinônimo de ociosidade ou tempo jogado fora. A diversão infantil é importante e precisa ser aproveitada ao máximo na educação dos pequenos, concorda?
Vamos conferir como o entretenimento infantil pode ser explorado além do básico? Assim, você pode usufruir das boas oportunidades de otimizar a educação das crianças por meio do que elas mais gostam de fazer: brincar!
As informações contidas neste material se fundamentam em estudos psicológicos da criança e servem de base para ajudar com o seu desenvolvimento e educação. Os resultados de tais métodos podem variar de acordo com cada criança, pois dependerão de aspectos individuais e sociais.