Brincadeira de Roda: Ontem, Hoje e Amanhã

Cantigas de roda, brincadeiras cantadas, cantigas de verso, cançonetas, canções cumulativas, histórias cantadas, canções seriadas, brincadeiras de rua, cantigas de ninar, sambas de roda, parlendas, xácaras, sambas, lundus, toadas, quadras populares histórias, fábulas, contos… ufa! Quanta brincadeira!

O brincar sempre foi uma parte importante da cultura brasileira e a quantidade e variedade de brincadeiras de roda da nossa tradição são a prova disso.

Uma expressão muito rica do folclore brasileiro e resultado da influência de diversas culturas, as cantigas e brincadeiras de roda não têm autor definido, data ou origem certa. Como qualquer manifestação folclórica, são brincadeiras criadas pelo povo ao longo da nossa história e conservadas pela transmissão oral, o que faz com que tenham grandes variações regionais. Elas acompanham gerações e carregam consigo a sabedoria, os hábitos, as paixões e a história dos nossos antepassados, atravessando séculos para dialogar com nossos filhos nos dias de hoje. A cultura da brincadeira une as gerações na alegria de ser criança.

Além de serem divertidíssimas e mobilizarem muito as crianças, estas brincadeiras também acabam atuando como muito mais do que passatempos. Numa roda, não há líder – ninguém está à frente, ninguém está para trás: para a roda funcionar, todos precisam brincar juntos. Brincar de roda ajuda as crianças a socializar sem competições, a se organizar coletivamente e a fortalece os laços de um grupo. Além disso, estimulam o ritmo, a expressão oral, o equilíbrio e a coordenação motora das crianças.

Incentivar a cultura da brincadeira é uma das melhores maneiras de mantermos vivas as tradições que herdamos. Cantar, sentar no chão, correr e ser criança!

Para te incentivar, listamos algumas das nossas brincadeiras de roda, cirandas, cantigas e parlendas preferidas para brincar com as crianças. Você pode já conhecer a maioria delas e lembrar da letra das músicas um pouco diferentes, mas tranquilize-se: quando o assunto é folclore, não tem certo nem errado!

– A Canoa Virou

O grupo fica em uma roda, me mãos dadas, em posições intercaladas (ou seja, um virado para o centro da roda e um virado para fora da roda). Conforme a música, quem está de costas vai sendo convidado a virar para frente e a brincadeira termina quando todos estão de frente para o centro da roda.

Música:

“A canoa virou.
Por deixá-la virar,
foi por causa do(a) (nome de uma pessoa virada para o lado de fora da roda)
Que não soube remar.
Se eu fosse um peixinho
e soubesse nadar,
tirava o(a) (repete o nome da pessoa)
lá do fundo do mar.”

– Ciranda, Cirandinha

Esta é uma das cantigas mais clássicas da brincadeira brasileira! Em roda, todos cantam a ciranda, convidando, um a um, os participantes a ir para o meio da roda. A brincadeira só acaba quando todos estiverem no meio.

Música:

“Ciranda, cirandinha
Vamos todos cirandar!
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar

O anel que tu me destes
Era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou

Por isso, dona/seu (nome de uma das pessoas da roda)
Entre dentro desta roda
Diga um verso bem bonito
Diga adeus e vá se embora.”

– Carneirinho, Carneirão

A brincadeira de “Carneirinho, Carneirão” é quase um siga o mestre cantado! Basta seguir os movimentos ditados pela música.

Música:

“Carneirinho, carneirão-neirão-neirão,
Olhai pro céu, olhai pro chão, pro chão, pro chão,
Manda o Rei, Nosso Senhor, Senhor, Senhor,
Para todos se ajoelhar.
Carneirinho, carneirão-neirão-neirão,
Olhai pro céu, olhai pro chão, pro chão, pro chão,
Manda o Rei, Nosso Senhor, Senhor, Senhor,
Para todos se levantar.”

– Fui ao Tororó

Como na maioria das cirandas, começa-se com uma roda em que todos cantam. Em cada estrofe se troca o nome da Mariazinha pelo de um dos participantes, que entra na roda. A brincadeira segue até que todos estejam no centro.

Música:

“Fui no Tororó beber água não achei
Achei linda Morena
Que no Tororó deixei
Aproveita minha gente
Que uma noite não é nada
Se não dormir agora
Dormirá de madrugada
Oh, Dona Maria
Oh, Mariazinha, oh, Mariazinha, entra nesta roda
Ou ficarás sozinha!
Sozinha eu não fico
Nem hei de ficar!
Por que eu tenho o (nome de algum dos participantes)
Para ser o meu par!”

– Peixe vivo

Também um grande clássico do cancioneiro infantil, está é uma das músicas infantis mais conhecidas e mais simples. Ideal para uma cantoria em roda.

“Como pode o peixe vivo viver fora d’água fria?
Como pode o peixe vivo viver fora d’água fria?
Como poderei viver, como poderei viver,
Sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia?
Os pastores desta aldeia já me fazem zombaria
Os pastores desta aldeia já me fazem zombaria
Por me ver assim chorando, sem a tua, sem a tua companhia.”

– Corre Cotia

Uma das brincadeiras mais divertidas pra se fazer com os amigos! Todos sentam em roda, de olhos fechados. Uma das crianças recebe um lenço e fica de pé, dando voltas da roda enquanto todos cantam. Ela deverá deixar o lenço atrás de algum dos colegas sentados, antes de a música acabar. Quando este momento chega, todos olham para trás e aquele que tiver o lenço atrás de si deve levantar e correr para “pegar” o colega que o deixou. Se quem colocou o lenço conseguir correr e se sentar no lugar da de quem recebeu o lenço, a brincadeira recomeça e é a vez de quem ficou com o lenço na mão deixa-lo atrás de alguém. Se o colega for pego antes de sentar na roda, a brincadeira recomeça mas o mesmo participante vai deixar o lenço atrás de alguém. Uma brincadeira que só acaba quando todo mundo cansa!

Música:

“Corre cotia, na casa da tia.
Corre cipó, na casa da avó.
Lencinho na mão, caiu no chão.
Moça bonita, do meu coração…
Um, dois, três!”

– Escravos de Jó

Escravos de Jó é uma brincadeira deliciosa em que todos os participantes, sentados em roda, tem um objeto nas suas mãos. A brincadeira é passar o objeto para a pessoa de um dos seus lados, enquanto recebe o objeto da pessoa do outro lado. O truque é que, enquanto se canta, a troca dos objetos deve acompanhar o ritmo da música e todos devem passar seu objeto ao mesmo tempo. A música é a seguinte:

“Escravos de Jó jogavam caxangá” (todos passam seu objeto para o mesmo lado, recebendo um objeto pelo lado oposto),
“Tira”, (todos levantam seus objetos)
“põe”, (todos apoiam seu objeto no chão)
“deixa ficar” (todos apontam para o objeto no chão)
“Guerreiros com guerreiros” (todos voltam a passar o objeto para um lado e receber um pelo outro lado)
“fazem zigue , zigue e zá”, (aqui, todos fazem de conta que estão passando o objeto mas o levam de volta para si, repetindo o movimento de ir e voltar duas vezes).

– Batata Quente

Esta brincadeira nunca para de fazer parte das nossas vidas, não é mesmo? Batata quente já virou sinônimo de problemão, uma vez que consiste em passar um objeto de mão em mão correndo, até o fim da música – quem sobra com a “batata” na mão sai da brincadeira.

Forma-se uma roda de participantes, enquanto alguém que está fora canta “batata quente, quente, quente, quente… queimou!!!!”. Conforme a “batata vai ficando quente” a pessoa vai cantando mais rápido e todos passam o objeto pro outro mais rápido, correndo para não acabar com “a batata” na mão. Ganha o último que sobrar sem queimar as mãos. Dá pra imaginar o alvoroço e as risadas, né?

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