O surgimento do novo coronavírus surpreendeu o mundo e exigiu uma adaptação de todos os setores da sociedade. Inclusive, foram muitos os desafios da educação em tempos de pandemia, em função da transição das aulas para o formato virtual no início e ainda híbrido em muitos locais.
Para compreender melhor esse cenário e refletir sobre as alternativas para escola e família, a BIC realizou uma pesquisa intitulada “A vida escolar na pandemia“. O estudo buscou informações sobre como pais, mães e crianças estão lidando com esse período.
Continue com a leitura e saiba mais!
Quais são os desafios da educação em tempos de pandemia?
Com a pandemia e a virtualização do ensino, a vida escolar das crianças passou a exigir mais dos pais e dos educadores. Essa adaptação trouxe novos aprendizados e mudanças significativas na rotina, mesmo com a gradual retomada das aulas.
Para mapear esses pontos, a pesquisa realizada pela BIC contou com a participação de pais e mães de crianças matriculadas em escolas públicas e privadas, entre 6 e 12 anos, pertencentes às classes A, B e C, com acesso regular à internet. Foram feitas 604 entrevistas online, em todo o Brasil, entre os dias 23 e 26 de outubro de 2020.
Confira os resultados obtidos e conheça os principais desafios da educação infantil na pandemia.
Participação na vida escolar dos filhos
No momento da pesquisa, 87% das crianças estavam tendo apenas aulas virtuais, enquanto 8% estavam sem aulas. Com isso, 97% dos pais perceberam a necessidade de auxiliarem os filhos com as tarefas com alguma frequência. A média era de 2 horas por dia dedicadas à aprendizagem dos pequenos.
Do percentual com participação na vida escolar dos filhos, 81% revelou ter dificuldade em pelo menos uma matéria – a maioria deles em matemática. Nesse cenário, 87% dos pais apontaram que gostariam de receber maior apoio da escola, com dinâmicas a serem feitas em casa para auxiliar no desenvolvimento.
Também sentiram a necessidade de dicas de atividades complementares (81%), assistência pedagógica nas aulas online (81%), apoio psicológico para as crianças (79%) e apoio tecnológico (73%). Apesar de todas as dificuldades apresentadas, apenas 24% das famílias acreditavam que o desempenho escolar dos filhos piorou.
Desafios financeiros
A crise financeira e a necessidade de uso de novas tecnologias pesou no bolso das famílias. A aquisição de materiais eletrônicos e acessórios para a realização das aulas virtuais representou um gasto a mais para 67% dos entrevistados.
Insegurança sobre o retorno
O período em casa, longe das atividades e do contato com colegas e professores, têm impactado bastante as crianças, afetando o desempenho e a concentração nas atividades. O aspecto emocional é um fator que contribui desde então para o desejo de retorno às aulas presenciais.
Dos entrevistados, 67% se sentiam inseguros em permitir que os filhos frequentem as aulas sem vacina. Ainda assim, 25% pretendiam autorizar o retorno das crianças mesmo sem a vacinação. Além das dificuldades pessoais enfrentadas, os familiares sentem um prejuízo acadêmico.
Equilíbrio da vida pessoal
Os professores foram sobrecarregados com o novo formato de aulas, assim como os pais. Desde então, existe a necessidade de equilibrar a vida escolar com as demais atividades e organizar a rotina doméstica. Se antes era preciso controlar o tempo de uso de celular e computador, com a pandemia eles passaram a ser fundamentais para os estudos e o contato com as outras pessoas.
A respeito dos desafios enfrentados durante esse período, 56% dos pais afirmaram que a maior dificuldade é equilibrar a própria vida, que inclui conciliar as atividades domésticas, o apoio escolar, o trabalho e a coordenação com o cônjuge.
Para 44%, o mais desafiador é cuidar da vida das crianças, o que compreende controlar o tempo online, deixar a rotina o mais “normal” possível para os pequenos e manter o filho ocupado após as lições.
Como famílias, escolas, professores e alunos estão se adaptando?
Além dos desafios da educação em tempos de pandemia, muitas famílias e professores descobriram novas possibilidades. Conheça algumas ações que foram adotadas para melhorar essa experiência.
Aproximação entre família e escola
A participação mais ativa da família na vida escolar das crianças contribuiu para a aproximação com a escola. Apesar das dificuldades, apenas 16% dos responsáveis relataram estar insatisfeitos com a escola. Sobre o relacionamento com a instituição, 33% acreditavam que estava melhor e 15% afirmaram que piorou.
Já sobre o relacionamento com professores, a sensação de aproximação foi destaque. Dos entrevistados, 51% acreditavam que a mudança foi positiva, enquanto 24% afirmavam que a relação estava pior.
Relações familiares
Das famílias que responderam o questionário da BIC, 83% afirmaram que sentiram maior aproximação com os filhos. Nesse período, foram realizadas experiências criativas e artísticas que agregaram muito aprendizado.
O uso de aparelhos eletrônicos subiu 82%, mas também aumentou a realização de atividades de colorir e pintar (57%), desenhar (57%), ler livros (42%) e brincar em ambientes abertos (34%).
Quais são as projeções até agora?
Esse longo período de pandemia tem representado muitas dificuldades, porém, os desafios não se encerram com o controle do vírus. Com a gradual retomada das atividades que tem sido vista em diversos estados, muitas ações ainda serão necessárias para trazer maior equidade no ensino. A pesquisa realizada ajuda a entender melhor as dificuldades e visualizar o que é prioritário para buscar uma educação inclusiva no retorno presencial.
As aulas também deverão ser diferentes daqui em diante. A tendência é que o uso da tecnologia em sala de aula seja ampliado, as metodologias de ensino ativas ganhem mais espaço e que o maior contato entre escola e família seja mantido.
Como você pôde ver, a educação em tempos de pandemia relevou desafios mas também oportunidades de aproximação entre crianças, pais e escolas. Quer saber mais sobre esse assunto? Então, confira também um panorama da educação infantil a distância.
As informações contidas neste material se fundamentam em estudos psicológicos da criança e servem de base para ajudar com o seu desenvolvimento e educação. Os resultados de tais métodos podem variar de acordo com cada criança, pois dependerão de aspectos individuais e sociais.