Você conhece a abordagem Pikler? Veja como aplicar na educação infantil

abordagem pikler

A educação é dinâmica, e estudiosos e educadores estão sempre em busca de novos métodos de ensino. Assim surgiram os estudos de Paulo Freire, Jean Piaget, Maria Montessori e muitos outros — e assim surgiu a abordagem Pikler.

Pikler é o sobrenome de uma pediatra austríaca, Emmi Pikler, criadora do método homônimo. Ele aborda o desenvolvimento infantil na primeira infância, ou seja, dos primeiros meses de vida aos três anos de idade.

Neste texto, você vai conhecer a abordagem Pikler e descobrir como ela pode ajudar na educação das crianças. Acompanhe!

O que é abordagem Pikler?

Trata-se de uma metodologia que busca assegurar um melhor desenvolvimento pessoal dos bebês e das crianças. Ela se fundamenta no respeito à liberdade e à individualidade da criança e pode contribuir para que ela construa sua identidade a partir do autoconhecimento.

A abordagem se propõe a permitir a autonomia das crianças no processo de aprendizagem — por exemplo, ao engatinhar sem o auxílio de adultos. Prega o respeito ao tempo individual e valoriza o aprendizado independente, além da liberdade.

Como funciona essa abordagem?

A abordagem Pikler funciona, basicamente, a partir de duas afirmações:

  1. Não vale a pena ensinar algo a uma criança se ela tem capacidade para fazer isso sozinha, com autonomia e sem riscos.
  2. Quando os adultos dão a ela liberdade de movimentos, a criança aprenderá cada coisa a seu tempo.

Quais são os conceitos principais?

Existem algumas ideias que embasam a abordagem Pikler e são difundidas como princípios que contribuem para o aprendizado autônomo e o bom desenvolvimento da criança. Confira, a seguir, as principais.

Motricidade ou movimento livre

A abordagem defende que não se deve induzir a criança a realizar determinados movimentos se ela não se mostrar inclinada a fazer isso por conta própria. Ou seja: ela deve ter liberdade para fazer movimentos de modo autônomo e adquirir consciência corporal e coordenação motora de acordo com seu estágio de desenvolvimento.

Em outras palavras, o tempo da criança deve ser respeitado. Não se deve forçar nada: os movimentos devem ser espontâneos, livres; e ela deve se desenvolver no seu tempo.

Tempo da criança

Como você pode perceber, esse é um conceito diretamente associado ao anterior. Os pais devem estimular o movimento da criança e, ao mesmo tempo, respeitar seu tempo.

Cada criança tem um tempo para seu aprendizado: para engatinhar, andar, falar ou realizar outras ações. Não é recomendado interromper o bebê nem apressá-lo. Quando respeitamos o tempo da criança, ela se desenvolve com mais segurança e autonomia.

Autonomia

Os pais ou outros responsáveis só devem interferir no desenvolvimento das crianças quando for preciso. É necessário que elas descubram, por si mesmas, o ambiente do qual fazem parte, seus limites e seu potencial motor.

Na primeira infância, todo movimento é um aprendizado. Portanto, nenhum deve ser interrompido. No entanto, existem recursos e brinquedos que promovem o desenvolvimento da criança — eles podem ser utilizados na abordagem Pikler, desde que os princípios sejam respeitados.

Rotina compreendida

A criança precisa entender a rotina definida pelos pais ou responsáveis para ela. É importante que atividades como comer, tomar banho e escovar os dentes façam sentido. Por isso, o adulto deve explicar os motivos de cada uma e deixar a criança ciente das etapas de sua própria rotina.

Os adultos devem incentivar os bebês a ter uma participação ativa nas atividades da própria rotina — por exemplo, fazer com que segurem algo ou penteiem o próprio cabelo. Isso vai criar um vínculo de confiança e afeto entre ambos, além de um senso de responsabilidade no bebê.

Como aplicar na prática?

Um ponto fundamental para que essa abordagem tenha sucesso na prática é a confiança do neném em seus pais ou responsáveis. Ele precisa se sentir confortável e confiante. Há uma lista de orientações para que os adultos sigam na hora de cuidar da criança:

Conversar com o bebê

A abordagem Pikler defende que o adulto deve manter diálogos com a criança. Ainda que seja difícil para o bebê entender o que é dito, a conversa durante atividades é uma forma de estimular a compreensão e a comunicação. Isso ajuda a deixar a criança mais segura e contribui para seu desenvolvimento, além de suprir necessidades sociais.

É importante também responder com palavras a reações esboçadas pela criança. Isso vai fazer com que ela se sinta compreendida e mais confiante em seu próprio desenvolvimento.

Respeitar o tempo da criança durante os cuidados

É importante respeitar o ritmo de evolução da criança e evitar mudanças bruscas. O bebê precisa de tempo para compreender o que está se passando. Antes de pegar o filho nos braços, por exemplo, é ideal que os pais avisem o que vão fazer, de modo a evitar pegar a criança desprevenida e talvez assustá-la.

Colocar a criança em posição favorável

Outro ponto importante é colocar o bebê em posições que sejam favoráveis e permitam que ele se sustente por conta própria e se movimente. Não é certo colocar a criança em pé, por exemplo, caso ela não consiga realizar isso com autonomia. Lembre-se sempre de que, conforme a abordagem Pikler, os pequenos precisam de desenvolvimento espontâneo.

Estimular as brincadeiras

As brincadeiras ajudam o desenvolvimento motor e cognitivo da criança. Além disso, permitem que ela se relacione melhor com o mundo em que vive. Vale lembrar que o ato de brincar, apesar de estimulado, deve ser espontâneo. O adulto deve ficar perto da criança, mas principalmente para observar, incentivar e intervir se necessário.

Para assegurar a saúde e a segurança do pequeno, o ambiente deve ser apropriado, com piso de tecido ou de madeira, por exemplo. É importante também disponibilizar objetos lúdicos, em especial brinquedos com apoio no chão, para que a criança possa explorar a coordenação motora.

As brincadeiras devem ser compatíveis com a faixa etária. Em seu processo de descoberta, a própria criança tende a procurar as brincadeiras mais adequadas para seu desenvolvimento. Mas é importante que os adultos acompanhem tudo.

Quais são as vantagens da abordagem Pikler?

A abordagem Pikler, como já mencionamos, tem diversos benefícios para o desenvolvimento da criança na primeira infância. Os principais são:

  • gerar mais autonomia na criança;
  • desenvolver a coordenação motora;
  • criar um senso se individualidade;
  • estimular a autoconfiança
  • permitir uma maior participação dos pais na cultura da escola, já que a evolução dos filhos estimula os pais a se engajarem mais com o processo educativo nas escolas.

A abordagem Pikler é mais uma metodologia valiosa, recomendável para pais, professores e outras pessoas do convívio da criança. Deixá-la aprender por si mesma é parte de uma pedagogia mais natural, que respeita a espontaneidade e confia no ritmo e na capacidade da criança. Além disso, ajuda muito na construção da identidade.

Por falar nisso, que tal propor uma atividade para estimular as noções de identidade? Clique para fazer o download!

As informações contidas neste material se fundamentam em estudos psicológicos da criança e servem de base para ajudar com o seu desenvolvimento e educação. Os resultados de tais métodos podem variar de acordo com cada criança, pois dependerão de aspectos individuais e sociais.

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